Considere as seguintes situações:
Risco de perder o emprego / Problemas de relacionamento com o cônjuge / Filho com baixo desempenho na escola / Dificuldades financeiras
Fazer uma apresentação em público / Organizar uma festa de aniversário / Planejar as viagens de férias / Falar outro idioma
Agora responda: Na sua opinião, qual desses grupos de situações gera mais estresse em alguém ?
Se você respondeu que é o primeiro ou o segundo grupo, você tem alguma razão.
Mas se respondeu que “depende”, muito bem; esta é a melhor resposta!!
Quando uma pessoa é exposta a uma nova situação, como aquelas apresentadas acima, ela sai da zona de conforto e consequentemente é provocada a reagir. É exatamente a resposta à nova situação, e que pode ser diferente de um indivíduo para outro, que definirá o quanto uma pessoa ficará e sentirá os efeitos do estresse, e não o evento em si.
Os acontecimentos da vida não determinam o nosso estresse, eles apenas provocam nossa reação; somos nós mesmos que decidimos o quanto e como eles irão nos impactar!
Em outras palavras, não somos VÍTIMAS, mas RESPONSÁVEIS pelas reações e consequências em nós.
Para entendermos melhor como isso funciona, vamos conhecer como o nosso corpo reage ao se deparar com uma nova situação:
A amígdala, uma área no interior do cérebro, interpreta a situação como uma potencial ameaça. Isso faz parte do instinto de auto-preservação diante do desconhecido ou de um suposto perigo. Em seguida ela envia instruções ao hipotálamo, outra região no cérebro, que responde ao estímulo liberando hormônios (adrenalina e cortisol). Curiosamente, essa reação instantânea e inicial gera consequências potencialmente positivas, pois a descarga de adrenalina e cortisol faz o organismo liberar mais glicose no sangue, dando energia extra para encararmos a nova situação.
Bem, até este momento todos os indivíduos reagem fisicamente da mesma forma, mas é a partir deste ponto que entra no processo a consciência humana que interpreta e julga a situação.
Se interpretarmos a situação como desafiadora e com oportunidades, podemos utilizar essa energia extra para produzir mais e melhor. Isso mesmo, o estresse bem dosado e bem usado gera ALTO DESEMPENHO! Veja:
Se você estiver em uma situação de risco, como em um incêndio ou desastre, poderá utilizar essa energia extra para correr e escapar.
No trabalho você pode usá-la para gerar idéias, encontrar melhores soluções ou até para estimular a criatividade.
No esporte os atletas a usam para correr mais, saltar mais e superar os próprios limites.
Uma vida totalmente sem estresse é desestimulante, monótona e tediosa. Precisamos da energia e do estímulo promovido pelo estresse para irmos mais longe em nossas vidas.
Contudo, caso nossa interpretação seja de que a ameaça é grave e não enxergamos saídas, isso eleva nossa ansiedade, fazendo nosso corpo liberar mais quantidade de cortisol que, juntamente com a permanência neste estado negativo ao longo do tempo, leva gradualmente à exaustão física, mental e emocional, tornando-se crônica e potencializando riscos sérios à saúde.
Mas lembre-se, você não chega neste estágio obrigado ou forçado. E nem é um caminho sem volta. Porém, quanto mais longe você for, mais força interna e até ajuda externa poderá precisar para retornar ao ponto de estabilidade.
Infelizmente observo que dois comportamentos recorrentes afastam as pessoas de lidarem com suas reações de forma a aproveitar os benefícios que a gestão do estresse pode trazer:
Vitimização – ter pena de si mesmo, considerar-se injustiçado ou culpar os outros de forma insistente, tira o foco da responsabilidade e das oportunidades
Negação – minimizar o que sente, desconsiderar sintomas (como insônia, falha de memória, cansaço crônico etc), dizer que “está tudo bem”, quando não está, ou acreditar que pode lidar com qualquer situação, retarda a reação da pessoa, mas não a evolução negativa dos efeitos do estresse sobre ela
Vamos às três dicas:
Reconheça se você está estressado e escolha a melhor atitude a tomar - Reflita sobre o que realmente está acontecendo com você: O que está sentindo (exe.: ansiedade, raiva, angústia, desânimo, etc)? Que comportamentos mudaram sem explicação aparente (exe.: sono, humor, memória, vontade de desistir, etc)? Por que isso está acontecendo (exe.: uma situação, uma pessoa, várias pessoas, etc). Pergunte-se: posso mudar a situação, me afastar da pessoa, ou devo mudar minha reação? Que oportunidades há para mim neste cenário? Lembre-se: Reconhecer o quanto antes o que de fato está acontecendo e agir adequadamente é a estratégia mais eficaz.
Compartilhe suas preocupações e some alternativas – guardar tudo para si, seja por vergonha ou prepotência, é um grande erro. Sua capacidade de manter um raciocínio equilibrado e positivo diminui a medida que o estresse evoluí, podendo chegar ao ponto que desequilíbrios químicos em seu organismo dão origem a patologias como a depressão ou síndrome do pânico (nesses casos, busque ajuda especializada sem preconceito e sem demora – médico/psiquiatra). Não espere, eleja uma pessoa de confiança, ou se for o caso um terapeuta, e compartilhe o que o tem incomodado e o que tem sentido. Aliviar sua mente e emoções da sobrecarga negativa do estresse abre espaço para pensar melhor e identificar, ou conhecer por outras pessoas, novas alternativas e oportunidades. Lembre-se: Amigos também servem para isso!
Gerencie sua energia interna e prepare-se para situações atuais e futuras – atue proativa e preventivamente cuidando das 4 fontes de energia do seu corpo:
Física: Cuide da nutrição, condicionamento físico, sono e momentos diários de relaxamento
Mental: Foque a atenção em uma coisa por vez.
Emocional: Cuide da qualidade das emoções por meio da qualidade dos relacionamentos e cultivando atitudes servidoras (ajudar, compartilhar, cuidar, apoiar).
Espirítual: Relacionada às experiências vividas, criação familiar, ao propósito e ao alinhamento entre o que você diz que é importante e como você realmente vive a sua vida.
Faça o seguinte exercício prático: Seguindo a primeira dica, identifique ou confirme uma situação de estresse que esteja vivenciando no momento. Anote: o que tem sentido, como tem agido e qual é a fonte dessa situação. Também escreva qual ou quais alternativas de solução ou de encaminhamento, se houver, você já identificou. Bem, agora siga a dica dois e encontre um amigo para compartilhar a situação. Depois avalie: como está se sentindo? Alguma mudança nas percepções e sugestões de alternativas? O que pretende fazer?
Frase para reflexão:
“A maior arma contra o estresse é nossa habilidade de escolher um pensamento ao invés de outro.”
William James
Sucesso para você!
Gilson Filho